1976-07-09.JORNAL DO BRASIL.EXIGENCIAS OPOSICION

Publicado: 1976-07-09 · Medio: JORNAL DO BRASIL

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14  - 

INTERNACIONAL

Filósofo  dis

que  URSS  não

lidera  PCs

Paris  —  "O 
que  aconteceu
na  Conferência 
dos  Par-
tidos  Comunistas  Europeus,
no  fim  de 
junho  último,  é
bem  mais 
importante  do
que  o  XX  Congresso  do  PO
Soviético,  que, 
19  58,
'denunciou  Stalin  sem  cri-
ticar 
realmente 
o  sistema
o  stalinismo"  —
que  gerou 
afirmou 
o  filósofo  marxista
Roger  Garaudy,  expulso  do
PC  Francês  em  1970.

em 

Em  artigo  publicado  no
Le  Monde, 
sob 
o  título
"Dessacralização 
do  mito
soviético  e  esperança  eocla-
lista",  Garaudy  congratula-
se  pelo  fato  de  ter  Georges
M  a  rchais,  secretárlo-geral
do  PCP,  retomado  os  temas
essenciais  de  Enrico  Berlin-
guer,  dò  PC  Italiano,  e  San-
tiago  Carrlllo,  do  PC  Espa-
nhol 
(os  mesmos  temas  que
levaram  Garaudy  à  expul-
são  do  Bureau  Político  da
PCP), 
que  constitue  a
início  de  um  possível  pro-.
gresso  político".

"o 

Garaudy  escreve,  entre
outras  coisas,  que  "o  essen-
ciai  é  considerar  essa  dessa-
cralização  da  política  sovié-
tica  não 
como  ponto  de
chegada  mas  como  ponto
de  partida  para  um  renas-
cimento  do  socialismo.  Res-
a  hipoteca  "stalia-
gatada 
na",  o  movimento  comunis-
ta  —  pelo  menos 
a  parta
que  não  está  sob  ocupação
soviética  —  poderá  conhc-
cer  uma  nova  primavera".

Temor  tira

jornalista

de  Moscou

Moscou  —  O 

jornalista
norte-americano  Alfred
Friendly,  correspondente  do
semanário  Newsweek,  via-
jou  ontem  de  Moscou  para
Viena,  sem  indicar  se  volta-,
rá.  A  notícia  surpreendeu
j  o  r  n  alistas 
e  diplomatas
ocidentais  na  União  Soviéti-
ca,  pois 
se  esperava  que
Friendly  .tivesse  a  intenção
de  acompanhar  até 
o  fim
o  processo  que  move  contra
a  revista  Literaturnaia  Ga-
zcta.

recorreu 

Acusado  pela  publicação
soviética  de  ser  um  agente
da  CIA, 
serviço  secreto
o 
dos  Estados  Unidos, 
o  jor-
n  alista 
à  Justiça
de  Moscou 
em  defesa  de
sua  honra  profissional.  Sus-
tentou  diante  do  Tribunal
que  a  Literaturnaia  .Gazeta
praticara  um  atentado  con-
tra  sua  dignidade,  difamara
sua  honorabilidade 
e  sua
reputação  de  jornalista.
Friendly  pediu  ao  Tribunal
à  revista
que 
"uma 
em  que
afirme  que  suas  acusações
não  correspondem  à  veida-
de"  e  que  os  editores  devem
apresentar  desculpas.

retratação 

imponha 

ACEITO  O  DESAFIO

Recolhendo  a  luva  lança-
da  por  Friendly, 
a  Litera-
turnàia  Gazeta  sustenta
agora  que  o  jornalista  nor-
te-americano  não  resolverá
as  coisas 
tão  facilmente  e
será  condenado.  "Possuímos
um  material  de 
tal  modo
convincente  sobre  o  traba-
lho  desse  "correspondente"
que,  estamos  certos,  haverá
não  apenas  uma  condenação
moral  deste 
senhor  mas
também  um  castigo  penal,
como  é  previsto  nas  leis  so-
viétlcas."

Arevista  acusou  de  espio-
nagem  não  só  Friendly,  mas
também  outros  correspon-
dentes  norte-americanos:
Chrlstopher  Wren,  do  New
York  Times,  Georges
Krimsky,  da  agência  Asso-
ciated  Press,  em  oportuni-
dades  diferentes,  desde  26
de  maio  a  fins  de  junho  úl-
timo.  Os  outros  dois  jorna-
listas 
caso
não  se  uniram  à  ação  penal
promovida  por  Friendly.

envolvidos 

no 

Vaticano

negocia

com  Praga

a 

do  Governo 

Cidade  do  Vaticano  —  Vi-
ajou  para  Praga, 
fim  de
iniciar  colóquios  com  mem-
bros 
tcheco-
eslovaco,  o  Arcebispo  Luigl
Poggi,  Núncio  Apostólico
com  encargos  especiais,
acompanhado 
cio  Padre
John  Bukovsky.  O  encontro
fora  previsto 
término
das  reuniões  em  Roma,  en-
tre  delegações  da  Santa  Sé
tcheco  -eslovacas,  em
e 
dezembro  passado.

no 

os 

que 

No  Vaticano,  a  Cúria  da
Companhia  de  Jesus  anun-
ciou 
seis  últimos
jesuítas  estrangeiros  —  dois
franceses, 
u  m  canadense,
um 
e  dois  espa-
nhóis  —  abandonaram
quarta-feira  o  Vietnã.

italiano 

- 

* 

(cid:127)"tf: 

'

M»dri/UPI

JORNAL  DO  BRASIl  Q 

Sexta-feira,  9/7/76 

? 

1?  Caderno

Governo  de  Soares  vai

se  instalar  sob  crise

Lisboa  —  O  Ministro  das  Finanças,
Salgado  Zenha,  um  dos  principais  ho-
mens  do  PS,  está  assumindo  a  carga  de
impopularidade  que  as  medidas  de  emer-
gência  fatalmente  carregam, 
isso
pretende  aliviar  o  Governo  socialista  que
se  instalará  sob  a  chefia  de  Mário  Soa-
res.

e  com 

O  racionamento  de  energia  elétrica
—  com  to&as  as  conseqüências  —  já  co-
meçou.  Os  impostos  profissional 
e  com-
terão  um  acréscimo  de  10%.
plementar 
O  Imposto  de  capital  e  a  contribuição  in-
dustrial  serão  aumentados.  E  a  fiscali-
zação  vai  apertar  para  reduzir  a  evasão
e  diminuir  o  déficit  das  contas  do  Estado

Gasta-se  demais

Segundo  o  Instituto  Nacional  de  Es-
(cid:127)tatistica,  os  preços  de  abril  a  abril  subi-
ram  15,5%  em  Lisboa 
e  14,1%  no  Porto
(a  habitação  não  está  incluída),  e  os  sa-
lários 
,no  mesmo  período,  um
acréscimo  de  14,9%  em  Lisboa 
e  22,6%
no  Porto.  Os  salários  rurais  aumentaram
13,7%,  mas  os  alimentos  tiveram  uma  al-
taãe  18,7%.

tiveram 

Os  lisboetas  queixam-se  do  custo  de
vida,  embora  uma  refeição  normal  num
restaurante  de  luxo  ainda  custe  a  meta-
de  de  uma  equivalente  nos  arredores
da  Praça  Mauá  no  Rio.

O  restaurante  Tavares,  freqüentado
por  Eça  de  Queirós  e  onde  se  tramou  a
queda  da  Monarquia,  ainda  mantém  o
preço  da  Fiorentina  na  Atlantica,  com
um  serviço  de  cinco  estrelas  em  qualquer
parte  do  mundo.  Mas  o  próprio  Tavares
foi  obrigado  a  uma  "reconversão" 
e  criou
em  andar  superior  um  anexo  com  servi-
ço  menos  sofisticado  —  custa  quase  a
metade  do  tradicional  —  conhecido  co-
mo  Tavares  M-L 
(marxista-leninista).
Os  restaurantes  da  Baixa  continuam
tão  cheios  como  antigamente,  mas  é  fá-
cil  conseguir 
lugar  para  almoço.  Expli-
ca-se:  as  empresas  do  centro  não  têm  re-
feitório  e  as  pessoas  moram 
longe.  As-
sim,  recebem  vales  para  almoçar  perto
de  seus  empregos.  Isso  não  explica  a  pe-
quência  no  jantar.  Os  mesmos  restau-
rantes,  de  qualidade  média,  estão  lotados
à  noite.

Os  restaurantes  de 

luxo  não.  Estes
estão  às  moscas,  com  mais  empregados
que  clientes.  A  clientela  áo  Tavares  tra-
dicional,  áo  Pabe,  da  Varanda  do  Chan-
e  seus  equivalentes  —  com  a  ex-
celer 
ceção  do  Gambrmus,  freqüentado  por  jo-
vens  e  políticos  que  já  ali  iam  quando  es-
tudantes  —  está  no  exterior  ou  era  turís-
ta  que  deixou  de  vir  a  Portugal.
lojas  de 

importadores
não  diminuíram  seu  movimento.  Algu-
mas  inclusive  aumentaram  o  faturamen-
to: 
inflação,  as
pessoas  estão  gastando  o  que  ganham
não  em  coisas  duráveis,  mas  predomi-
nantemente  nos  supérfluos.

temendo  os  efeitos  da 

luxo  e 

E  as 

Assim,  a  atividade  da  construção  ci-
vil  ainda  está  praticamente  paralisada
por  falta  de  compradores,  mas  os  níveis
de 
licenciamento  de  automóveis  man-
têm-se.  Os  depósitos  bancários  não  al-
cangaram  os  índices  de  1974 
e  a  venda
de  títulos,  embora  ofereça  atrativos,  não
oferece  garantias.
E'  sintomático  que  a  atividade  indus-
trial  esteja  em  crise  e  a  comercial  em  al-
ta.

Indústria  do  turismo

Julho  é  temporada  de  veraneio,  mas
os  bares  de  Cascais  fecham  à  lh  30m  por
falta  de  clientes.  O  Hotel  Baia  à  lh  está
todo  apagado  em  noite  magnífica  de

José  Silveira
Enviado  especial
verão.  No  Estoril,  apenas 
o  cassino  tem
movimento,  è  fácil  estacionar  em  todos
os  lugares  de  luxo  e  a  gravata  e  o  paletó
nao  sa0  mais  exigidos.  Mas  o  Hotel  Esto-
rll-Sol  está  nas  mesmas  condições  do
Bata.  Poucos  automóveis  circulam  pela
oela_  escada  costeira.  O 
turismo  diminui
e  poe  em  risco  a  subsistência  de  milha-
res  de  pessoas.

Eis  os  números:  em  1975  o  aeroporto
legi  trou 
o  mais  baixo  movimento  dos
Últimos  quatro  anos.  Em  relação  a  1973
houve  uma  queda  de  meio  milhão  de
passageiros.  Em  1975  entraram  2  milhões
dj  turistas  —  menos  25%  que  no  ano  an-
terio".

Os  Estados  Unidos  foram  o  pais  que
provocou  a  maior  queda  —  menos  56%
seguido  da  Grã-Bretanha 
e  dct
França 
(22%).  A 
Iugoslávia  mandou  a
Portugal  25%  a  mais  de  turistas,  seguida
da  Grécia 
e  da  Noruega 
(12%)
Houve  uma  queda  de  41%  nas  receitas.

(26%) 

(19%) 

Conjuntura 

industrial

O 

relatório 
e 

Segundo  um  relatório  pormenorizado
da  Confederação  da  Indústria  Portugue-
sa.  "o  relançamento  da  atividade  conti-
nua  a  se  mostrar  difícil  a  despeito  de,
em  alguns  setores, 
terem  sido  registra-
dos  alguns  sinais  encorajadores".
se 
refere  ao  primeiro
quadrimestre 
foi  elaborado  mediante
uma  "folha  de  conjuntura"  com  base  nas
'2  questionários  enviados  ao
respostas 
setor.  Os  custos  de  produção,  o  aumento
dos  encargos  com  pessoal,  o  encareci-
mento  das  matérias-primas 
a  quebra
da  produtividade  —  pela  ordem  —  são
a.  z: 
js  como  causa  da  tendência.
indústria  extrativa, 

a  situação
mantém-se  estacionária  —  baixa  —  já
que  a  construção  civil,  que  compra  brita
e  mármores,  está  em  crise.  Já  para  ex-
leve  melhoria  —  caso
portaçãa  há  uma 
da  volframita.  O  decréscimo  é  originado
pela  redução  de  seis  para  cinco  dias  de
trabalho  semanal.  As  indústrias  alimen-
tares  continuam  em  franca  recuperação,
embora 
tenham  perdido 
o  mercado  ex-
terno  das  ex-colônias  africanas.

Na 

e 

têxtil 

A  utilização  da  capacidade  instalada
na  indústria 
é  considerada  fraca.
Há 
temor,  no  ramo  exportador,  ante  as
medidas  protecionistas  dos  países  impor*
tadores.  Na 
indústria  de  malhas  e  con-
fecção  de  vestuário  a  crise  é  só  de  maté-
rias-primas.  O  volume  de  produção  utili-
za  quase  que 
totalmente 
a  capacidade
instalada.  A  indústria  de  calçados,  por-
que  não  tem  escala  e  depende  do  merca-
do  externo,  não  suportou  o  "impacto  das
transformações  laborais"  e  está  em  crisa
aguda.

A  indústria  de  madeiras  também  de-
e  está  em  si-
indústria  da  cortiça
transparecer  relativa  reanímação,
as  empresas  de  porta

pende  da  construção  civil 
tuação  critica.  A 
deixa 
particularmente 
elevado.

o  mercado 

A  indústria  de  mobiliário,  setor  vol-
tado  para 
interno,  apresen-
ta-se  em  boa  situação.  Segundo  um  rela-
tório  da  Confederação,  "a  melhoria  dos
rendinieatos 
de  determinados  estratos
sociais 
foi  aplicada,  muna  boa  parcela,
na  aquisição  e  substituição  de  mobiliário
doméstico."  Nenhum  empresário  inquiri-
do  (o  setor  fez  referência  à  situação  fi-
nanceira.  Queixaram-se  da  falta  de  ma-
téria-prima  e  do  agravamento  dos  custos
de  produção.

A  Confederação  ainda  não  dispõe
dos 
resultadoj  dos  questionários  feitos
nas  indiistrids  químicas,  metalúrgicas,  de
material  de  transporte,  material  elétrico
e  produtos  plásticos.

Lei 

protege  multinacionais

trabalhadores  e 

Lisboa  —  Após  meses  de  discussões
e  várias  redações,  o  projeto  de  lei  regula-
mentando  a  constituição  das  comissões
de 
o  controle  operário
na  gestão  das  empresas  de  Portugal  foi
aprovado.  Por  ele,  não  pode  haver  nem
comissões  nem  controle  operário  nas
companhias  estrangeiras.

Esta  e  outras  restrições  foram  critl-
cadas  pela 
Intersindical,  que 
também
protestou  contra  o  fato  de 
o  Governo
não  ter  consultado  previamente  as  orga-
nisações  operárias.  Comunistas 
e  extre-
ma-esquerda  qualificaram 
o  projeto  de
"caricatura  e  sombra  do  que  lnicialmen-
te  se  quis  fazer"  e  para  a  Gazeta  da  Se-
mana.  a 
presente  às  multina-
cionais".

é  "um 

lei 

Controle  operário

"O  controle  da  gestão  não  deve  afas-
tar-se  de  seus  verdadeiros  fins,  nem  colo-
car  obstáculos  ao  funcionamento  normal
das  empresas,  assim  como  não  deve  in-
terferir  na  atividade  dos  demais  órgãos
gestores  ou  dos  responsáveis  hierárqul-
cos  das  empresas"  —  estipula  o  projeto.
O  controle  operário  deve  limitar-se
aos  aspectos  econômicos  da  vida  enxpre-
sarial 
e  será  exercido  por  comissões  de
trabalhadores,  eleitas  por  voto  direto  e
secreto  numa  assembléia-geral  de  traba-
lhadores,  à  qual  assista  a  maioria  dos  in-
teressados.

As  comissões  terão  três  membros  nas
empresas  de  menos  de  200  operários,  seis
nas  de  até  1  mil  e  nove  nas  maiores,  e  só
serão  formadas  em  empresas  públicas  ou
privadas  com  mais  de  50  funcionários.

Ano  da  austeridade

Foi 

também  anunciado  ontem 

o
"ano  um  da  austeridade"  em  Portugal,
depois  que  o  Primeiro-Ministro  interino,
Comandante  Almeida  da  Costa,  destacou
que  a  situação  econômica  do  pais  exigirá
"medidas  draconianas  no  futuro".  Acres-
"A  situação  é  muito  grave 
centou: 
e  se-
ria  eludir  responsabilidades  adiar  estas
medidas  para  o  próximatGoverno".

A  Intersindical 

já  advertiu  que  "os
trabalhadores  se  oporão  a  uma  política
de  recuperação  capitalista  que  as  medi-
das  recentemente  adotadas  deixam  pre-
ver"  e  alertou  o  Governo  e  o  Conselho  da
Revolução  sobre  as  conseqüências,  "que
somente  poderão  agravar  a  situação  eco-
nó)nica 
os  conflitos  so-
ciais".

e  generalizar 

Sobre 

os  cortes  de 

luz,  aprovados
sem  discussão  pelo  Partido  Socialista,  o
Partido  Comunista  e  a  União  Democráti-
ca  Popular  sublinharam  que  são  necessá-
rios,  "mas  devem  ser  explicados  e  os  tra-
balhadores  consultados".

O  Centro  Democrático  Social  conde-
nou  as  medidas,  perguntando  se  se  trata
de  "austeridade  ou  de  sabotagem  econô-
mica".  E  a  decisão  do  Ministério  do  Tra-
balho  de  pagar  aos  operários  em  inativi-
dade  forçada 
tampouco  os 
tranqüilizou,
tendo  os  empresários,  que 
já  lamentam
uma  diminuição  da  produtividade,  con-
denr.do  o  fato.

Não  ao  PS

O  Partido  Comunista  reafirmou,  on-
tem,  em  comunicado  de  sua  Comissão
Central,  que  negará  seu  apoio  a  um  Go-
verno  socialista  minoritário  como  aquele
que  o  líder  Mário  Soares  pretende  cons-
tituir,  dizendo  que  o  PCP  continua  tra-
balhando  para  obter  um  Governo  con-
junto  comunista-socialista.

O  comunicado  do  PCP  condena  os
"brutais  aumentos  de  preços  e  impostos
recentemente  propostos  pelos  ministros
socialistas 
aprovados 
e 
pelo  Governo
apesar 
da  oposição 
dos 
comunistas",
afirmando  que  "somente 
um  Governo
com  participação  comunista  poderá  de-
fender  eficazmente  as  conquistas  da  re-
voluçâo".

Referindo-se 

aos 
resultados  das
elei,.oes  presidenciais  de  27  de  junho,  a
Comissão  Central  do  PCP  reconhece  ter
cometido  um  erro  de  apreciação,  do  qual
resultou  a  perda  de  400  mil  votos  e'm  fa-
vor  do  candidato  da  extrema-esquerda,
Major  Otelo  Saraiva  de  Carvalho,

Juan  Carlos  e  La  Villa  assistem  ao  juramento  de  Marcélino  Oreja  ao  Rei,  à  Igreja  e  à  Pátria

Oposição 

faz 

Democrata-cristão

exigências 

para

da  Itália 

quer

ajudar  Madri

Governo  de  técnicos

se 

Madri  —  A  Oposição  espanhola,  ainda 
o  novo  Governo 
com 

ilegal,
aceitaria  colaborar 
trcs
condições  fossem  cumpridas  pelo  Premier  de  ime-
diato:  anistia  geral 
e  ampla,  suspensão  do  plebis-
cito  marcado  para  outubro 
e  pronta  realização  de
eleições  gerais  para  apontar  os  verdadeiros  repre-
sentantes  do  povo.
Desta  forma, 
o  secretário-gcral  do  Partido  So-
cialista  Popular,  Raul  Morodo,  definiu  como  "o  novo
Governo  prestaria  um  grande  serviço  à  Nação,  es-
tabelecendo  uma  autêntica 
reconciliação  nacional
através  da  democracia  pluralista".  Morodo  também
advertiu  que 
a  credibilidade  do  Governo  não  de-
penderá  de  frases  reformistas 
c,  sim,  de  medidas
concretas  que  viabilizem 
a  ruptura  democrática  e
pacífica".

As  reações

a  nova  equipe  ministerial, 

_  A  maioria  das  organizações  políticas  de  opo-
sição  preferiram  aguardar  o  anúncio  do  programa
do  novo  Governo  para,  então,  manifestarem-se  so-
bre  ele.  Versões  de  que  o  Premier  Suárez  González
estaria  disposto  a  manter  um  diálogo  aberto  com  os
oposicionistas  e,  até  mesmo,  reconhecer  coimo  legal
o  Partido  Comunista  da  Espanha, 
se  as  coalizões
com 
o  PC  fossem  desfeitas,  permanecem  ainda  co-
mo  incógnitas.
Esta  cautela  marcou,  até  o  momento,  as  reações
individuais  dos  oposicionistas.  O  democrata-inde-
pendente  Antonio  Garcia  Trevijano  —  que  esteve
preso  recentemente  por  apoiar  a  Coordenação  De-
mocrática,  coligação  oposicionista  —  considerou  o
Gabinete  "como  uma  tentativa  de  coerência  do  re-
giine,  desenvolvendo  o  controle  de  processo  das  re-
formas  e  dando  atenção  à  situação  financeira",
Joaquim  Riuz-Gimenez,  da  Isquierda  Democrá-
tica,  confessou-se  confiante,  mas  advertiu  "serem  os
perigos  de  direita  mais  atuais  que  os  de  esquerda".
O  socialista-popular  Ticrno  Galván  qualificou  de
"inexpressiva" 
lamen-
tando  a  ausência  de  elementos  que 
integravam  o
Ministério  anterior:  "Só  um  Gabinente  que  se  dis-
ponha  a  pôr  eim  prática  uma  política  audaz,  com
soluções  rápidas  e  enérgicas  poderia  dar  prestígio
e  notoriedade  a  este  Governo".
Enquanto  a  opinião  em  Madri  era  de  que  o  Ga-
binetc, 
se  se  tratasse  de  futebol,  seria  considerado
um  "time  de  segunda  categoria",  a  imprensa  prefe-
riu  também  a  prudência  nos  comentários.  O  El  Pais
diário 
aos  ex-Ministros  Iribarne  e
Areilza,  "não  vê  grandes  mudanças  e  acha  que  "a
competência  pessoal  dos  novos  integrantes 
é,  con-
tudo,  indiscutível".
O  Arriba,  porta-voz  da  Falange,  deu 

todo  seu
apoio  ao  Ministério  e  o  diário  católico  Ya,  que  tem
veiculado  as  idéias  do  Grupo  Tácito  —  que  ganhou
notoriedade  na  nova  equipe  —  reconheceu  não  se
tratar  de  um  grupo  de  políticos  "que  têm  a  mesma
imagem  pública  do  anterior",  mas  lembrou  que  se
pode  esperar  muito  da 
e  podem  surgir
surpresas  a  qualquer  momento,  a  começar  por  Suá-
rez  González".
Falando  à 
o  novo  Ministro  da  In-
formação,  Andrés  Reguera,  confessou  "não  estarem
ainda  muito  claras  as  metas  que  procurará  pôr  cm
IVIas  estejam  certos  de  que  não  daremos
prática. 
um  passo  atrás.  Vamos  prosseguir  na  linha  da  aber-
tura".

imprensa, 

juventude 

liberal 

ligado 

Bascos  nas  ruas

A  posse  do  Ministério  coincidiu  com 

a  maior
manifestação  autorizada  pelo  Governo  no  pais  bas-
co.  Cerca  de  200  mil  pessoas  reuniram-se  pacifica-
mente  em  Bilbao,  na  Biscáia.  Um 
jipe  militar  e
vários  policiais  abriram  a  passeata,  mantendo  dis-
cretamente  a  segurança  durante  as  duas  horas  em
que  os  manifestantes  pediaim  "Anistia"  e  cantavam
reiroes  pedindo  "liberdade 
A  manifestação  basca  foi  organizada  pelos  três
maiores  sindicatos  na  ilegalidade:  a  UGT  e  a  USO
socialistas,  e  as  Comissões  Operárias,  comunistas,  de
acordo  com  a  nova 

e  democracia".

lei  sobre  reuniões.

Gabinete  assume  sem
promessa  ou  discurso

'  de  transição".

NU1ra  brcve  cerin,ônia>  sem  discursos
nPmMnarnlr 
nem  promessas,  tomaram  ontem  posse  no  Palácio
Z^rZU!,a  os\19  Ministros  do  Gabinete
ÍL  ph?™ 
(cid:19)(cid:0)Primeiro-Ministro  Adolfo  Suárez  González.  O
único  pronunciamento, 
foi  feito  a  jornalistas, 
in-
01(cid:0)malmente,  após 
o  ato  pelo  novo  titular  da  In-
formaçao.  Andrés  Reguera,  que 
reconheceu  ser  o
Ministério 
"Estamos  conscientes  —  afinr.ou  Reguera  —
que  nossa  missão 
é  a  de  organizar  a  Espanha  de
modo  democrático.  Deveremos  dizer  ao  povo,  o  mais
rapidamente  possível  quais  serão  seus  representan-
tes  e  cm  que  condições",  referindo-se  à  eleição  gc-
ral,  marcada  para 
A  primeira  reunião  do  Gabinete  de  Suárez  ocor-
rerá  hoje,  sexta-feira,  mantendo  uma  tradição  dos
tempos  franquistas.  A  Secretaria  de  Imprensa  das
Cortes  desmentiu,  por  sua  vez,  versões  de  que  o
novo  Premier  falaria 
ao  plenário  desta  Casa  na
próxima  terça-feira,  dia  13,  expondo  suas  diretrizes
políticas  antes  que  os  deputados  iniciassem  o  exa-
me  da 
lei  que  reformará  o  Código  Penal  e  possibi-
litará  a  legalização  efetiva  de  Partidos.  "O  plenário
não  está  convocado  para  terça-feira",  esclareceu  o
comunicado.

início  do  próximo  ano.

o 

Roma  —  O  Deputado  de-
m  o  c  rata-cristão  Giuseppe
Costamagna  afirmou  que
uma  administração  apolíti-
ca,  integrada  por  "técnicos
com  grande  experiência'',
deveria  governar 
Itália
até  que  seu  Partido  estives-
se  preparado 
formar
uma  coalizão 
as  de-
mais  agremiações  não  co-
munistas.

(para 
com 

a 

Em  visita  a  Roma,  o  Se-
nador  norte-americano  Ja-
cob  Javits  declarou  que  os
Partidos  italianos  de  centro
estarão  "passeando  com  um
tigre"  se  permitirem  a  par-
ticipação  dos  comunistas  no
novo  Governo.  Acrescentou
que  um  plano  de 
recupe-
ração  econômica  elaborado
pelos  Partidos  centristas  po-
deria 
conseguir  ajuda 
fl-
nanceira  internacional.

TRANSIÇÃO

Costamagna  foi  o  primei-
ro  orador  da 
reunião  de
parlamentares  democrata-
cristãos  convocada  para  de-
bater  o  futuro  da  Itália  de-
pois  das  eleições  nacionais
de  20-21  de  junho,  quando
os  comunistas  conseguiram
34,4%  dos  votos.

O  parlamentar  disse  que
o  Partido  Democrata
Cristão  deveria  apoiar  um
Governo  de 
transição,  for-
mado  por 
técnicos  escolhi-
dos  entre  os  simpatizantes
da  DC  e  integrantes  das  pe-
quenas  agremiações  não  co-
munistas.

Informou-se  que 

o  Prl-
meiro-Ministro  interino,  Al-
do  Moro,  apresentará  hoje
sua  renúncia  ao  Presidente
Giovanni  Leone.  Na  próxl-
ma  segunda-feira  Leone  de-
verá 
consultas
com  os  líderes  políticos  pa-
ra 
formação  do  39?  Go-
a 
verno 
italiano  em  33  anos,
a  partir  da  queda  do  fascis-
1110.

iniciar 

as 

PASSEIO  COM  TIGRE

Qual  seria 

reação  dos
a 
Estados  Unidos  se  os  comu-
nistas  participassem  do  Go-
verno 
italiano?  O  Senador
republicano  por  Nova  Ior-
que,  Jacob  Javits,  respon-
deu  que  "seria  como  deixar
que  uma  senhora  passeasse
com  um 
tigre.  Seria  o  prl-
meiro  avanço 
(comunista)
na  Europa  Ocidental 
e  Isto
provocaria  muitas  transfor-
mações".

a 

fim  de 

De  acordo  com  a  agência
UPI,  apesar  das  vitórias  co-
munistas  nas  últimas
eleições, 
a  Democracia
Cristã  manteve  sua  supre-
macia  e  pode  constituir  um
bloco  majoritário  com  seus
aliados  na  Camara  dos  De-
putados, 
formar
um  Governo  sem  precisar
do  apoio  das  esquerdas.
Ao  se  referir  ao  plano  de
recuperação  econômica  ela-
borado 
pelos  Partidos  de
centro,  para  conseguir  aju-
da  financeira  internacional,
o  Senador  Jacob  Javits  fri-
sou  que  ele  deveria  ser  pre-
viamente  apoiado  pelos  tra-
balhadores  da  Itália.

Londres  liberta

Sandro  Saccucci

foi 

Londres  —  o  Deputado
do  Movimento  Social  Italia-
no 
(neofacista),  Sandro
Saccucci, 
libertado  on-
tem,  depois  da  revogação  do
mandado  —  ele  acaba 
de
ser  reeleito,  voltando  a  go-
zar  de  i  m  u  n  !(cid:127)  d  a  d  e  parla-
mentar  —  pelo  qual  havia
sido  preso,  mês  passado,  em
Londres.  Saccucci  é  acusado
de 
jovem
comunista  Luigi 
di  Rosa,
em  um  comício  no  inicio  de
junho  último.

ter  assassinado  o 

A  libertação  do  Deputado
foi  decidida  por  um  juiz  da

londrina 

Corte 
de  Bow
Street  em  conseqüência  da
revogação, 
por  parte  das
autoridades 
italianas, 
d  o
mandado  de  captura 
e  do
pedido  de  extradição  à  poli-
cia  britanica.  Para  que  os
policiais  voltem 
le-
galmente  contra  o  Deputa-
do  neofacista  será  necessá-
ria  uma  nova  autorização
do  Governo 
italiano.  Uma
vez  libertado,  Saccucci  par-
tiu  com  sua  mãe  de  auto-
móvel  para  rumo  desconhe-
cido.

a  agir 

Terror 

pode

Bispo  é

ter  breve

assassinado

arma  nuclear

em  Argel

suficiente 

Londres  —  é  apenas  uma
questão  de 
tempo  até  que
um  grupo  terrorista  consiga
plutònio 
para
fabricar  uma  arma  nuclear,
advertiu  o  cientista  britani-
co  Brian  Flowers,  presiden-
te 
da  Comissão  Real  de
Contaminação  Atmosférica,
citando 
o  caso  da  incursão
israelense  em  Uganda  como
exemplo  da  audácia  provo-
cada  pela  instabilidade  poli-
tica.

ao 

Em  entrevista 

jornal
Financial  Times,  Flowers
afirmou  que  o  plutònio  ofe-
rece  uma  arma  única  e  po-
derosa  àqueles  que  estejam
bastante  decididos  a 
impor
sua  vontade  e  acusou  o  Go-
verno  de  não  dar  suficiente
atenção 
aos  problemas  de
segurança 
causados  pela
posse  abundante  deste  mi-
neral.

Argel  —  Foi  assassinado
ontem  em  Argel  o  Bispo  Au-
xiliar  da  Arquidiocese,  Mon-
senhor  Gaston  Marie  Jac-
quier,  de  72  anos.  O  Arcebis-
pado  que  deu  a  notícia,  não
revelou 
a  s  circunstancias
em  que  se  deu  o  crime,  nem
revelou  a  identidade  do  cri-
minoso.

Monsenhor  Gaston  Jac-
quier  nasceu  em  Evian,  na
França.  Cursou  a  Escola  de
Saint  Eugéne  e  o  Seminário
Mario  de  Argel 
foi  orde-
nado  em 
1926.  Vigário  da
Catedral 
de  Argel 
e  mais
tarde  arquivista  da  arqui-
diocese, 
foi  designado
Chanceler  em  1936 
e  Vigá-
rio-Geral  em  1946.

e 

Em  1960,  Monsenhor  Jac.
quier  foi  eleito  Bispo  titular
de  Sufasar  da  Mauritânia
e  Auxiliar  do  Arcebispo  de
Argel, 
ao
episcopado  no  ano  seguinte.

tendo  ascendido